percurso: Domingos martins, viana, vitória e vila velha
(em 25/03/2022)
Nossa viagem se aproximava do fim. Restava-nos apenas descer a serra até o rio Jucu Braço Norte, percorrer as ondulações de suas margens até o córrego Biriricas e, então, ultrapassar um último obstáculo, a serra que separa Biriricas do Córrego da Onça, para alcançar a planície costeira, em Viana, e daí deslizar até à praia.
O marco zero da Rota Imperial fica em Vila Velha, em frente ao Palácio do Governo do estado, mas as melhores praias ficam em Vila Velha, a antiga capital. Por isso, programamos nosso dia de viagem em duas etapas: a primeira até Vitória, para a foto triunfal junto ao marco zero, e depois uma sequência até a orla de Vila Velha, onde combinamos pousar e ficar mais um dia, aproveitando a praia.
Começamos por não sair tão tarde, como da última vez. Sérgio saiu do hotel mais cede e me pegou na pousada Casa Amarela às 9 da manhã. Como eu já tinha tomado o café e estava pronto, esperando, às 9:05h eu já tinha iniciado o GPS para gravar nosso percurso. Depois de pouco mais de 1 quilômetro, estávamos deixando a área urbana, passando do asfalto para terra e, para variar, pegando uma ladeira dos infernos. O passeio já começou punk!

No alto dela, tivemos a primeira vista da longa descida que se seguia, em direção ao córrego do Campinho

Um quilômetro depois, ainda nem estávamos na metade da descida, que somava um desnível vertical de cerca de 200 metros. A estrada é relativamente boa, de terra batida e quase sempre dentro de matas.

No encontro com o córrego Campinho, passamos por uma ponte sobre ele e fizemos uma volta, descrevendo um arco agudo, por encostas íngremes e, no final dele, reencontramos o córrego aos pés de uma linda cascata.

Apesar da vontade que deu, não nos aventuramos a entrar nessa água, posto que o Campinho passa por dentro da área urbana de Domingos Martins, antes de descer a serra e formar esta queda. No Brasil, infelizmente, todo córrego urbano é destino de esgoto não tratado.
Logo depois, reencontramos o rio Jucu, num ponto imediatamente abaixo da foz do córrego Campinho. Neste local, suas águas estavam calmas e bem esverdeadas, provavelmente devido à proliferação de algas, favorecidas pelo sol forte e a presença de matéria orgânica abundante.

Dois quilômetros abaixo, cruzamos uma ponte sobre o rio Jucu, num local onde ele voltou a formar intensas corredeiras.


A partir daqui, nosso caminho para a fazer ondulações intensas, subindo e descendo pelas encostas que formam a margem esquerda do rio Jucu.
O dia tinha sol e azul profundo no firmamento, quase livre de nuvens, e a lua, ainda esta hora, estava alta no céu.

Feito o primeiro arco de curva, subindo pela encosta, o vale do Jucu se aprofundou ainda mais. Do alto da encosta, por onde pedalávamos, as corredeiras do Jucu formavam um caminho, lá embaixo. E assim deveria seguir nossa jornada, pelo menos até completarmos 12,5 quilômetros, quando a Rota Imperial se afasta do curso do rio, em direção ao distrito de Biriricas de Baixo (quilômetro 14) e, daí, começa a subida íngreme da nossa última serra.

Subir e descer, pelas encostas íngremes da calha do rio Jucu, foi o que fizemos, por ora. Atingíamos um cume, para depois descer e, logo, iniciar nova subida.

No alto de uma dessas subidas, havia um grupo de árvores jovens, da espécie africana conhecida pelo nome de fruta-pão. Havia frutos, bem verdes e arredondados, lembrando um pouco o formato da manga Haden, que também é roliça.

Em seguida, aproveitei a parada para fotografar, também, uma pena amarela, talvez de uma arara, que estava caída num canto da trilha.
Nem preciso dizer que, a essas alturas, o Sérgio já tinha sumido de vista.

Ao final da descida que seguiu-se ao alto da fruta-pão, havia um grande terreiro limpo, à frente de uma antiga casa de fazenda

Em seguida, a trilha voltava a descer, aproximando-se bastante, momentaneamente, do leito do rio. Logo depois, porém, voltou a afastar-se um pouco dele, a fim de cruzar um pequeno córrego, após o que, voltou a subir.
O piso da trilha, neste local, era de terra alaranjada e muito dura, dura como piçarra. Num certo trecho, o caminho era cruzado por uma outra trilha, esta de formigas pretas, aos milhares.

De novo pelo alto da encosta, passei por matas bem fechadas e, num certo ponto, por muitos taquarais.

Com 12,9 quilômetros, alcancei a margem do córrego Biriricas e passei a acompanhá-lo, subindo suavemente. Depois de passar pelo distrito de mesmo nome, encontrei uma simpática lagoa que, entretanto, não é formada pelo Biriricas, mas por algum outro córrego menor, tributário dele. A superfície da lagoa estava coberta pelas folhas e flores das ninféias.




Feita a parada para honrar as lindas ninféias, segui adiante e logo comecei a subir a esperada serra deste dia, que nos levaria ao córrego da Onça. Partindo dos cerca de 200m de altitude, onde eu estava, precisaria ir até 479m, no topo, para só então descer.

Findo o primeiro lance de subida, alcancei um curto patamar, aos 16,5km de trajeto, onde a mata se abria um pouco, podendo-se ver melhor os belos troncos e as copas individuais de grandes árvores.

Em seguida, encontrei eucaliptos, que formavam uma linha ao longo da lateral da estrada e não sei até onde se estendiam. Os eucaliptos passaram a aparecer bastante, daí em diante, de modo a sugerir que, ao menos nas áreas adjacentes à estrada, a mata é secondária.

No alto da serra, a mata se abriu, dando lugara campos abertos e pastos, permitindo a visão do grande vale, que se estendia abaixo, na direção de Viana.
Sérgio, que me aguardava naquele local, posou para foto, apontando nosso caminho para descer.


E, por ali, descemos e descemos. Nem me recordo do ponto exato onde cruzamos o tal córrego da Onça, mas certamente passamos por ele e continuamos descendo.

Próximo do final da série de descidas, fomos nos aproximando do córrego Itatiaia, cujo curso íamos seguindo.

Chegando ao vale, cruzamos o córrego Itatiaia e, logo depois, cruzamos também o ribeirão Santo Agostinho, na altura do distrito de Borbas.

Neste ponto da viagem, já estávamos em áreas perfeitamente planas e, logo pegamos asfalto. Cruzamos, de novo, o ribeirão Santo Agostinho e entramos na rodovia BR-262. Aí, parei para fotografar a Faísca, junto a um marco da Rota Imperial.

Logo adiante, então, chegamos a Viana!


Em Viana, além de visitar a pequena estação ferroviária, paramos para almoçar num bar, próximo à prefeitura. Sentamos na calçada, em mesa e cadeiras simples, dessas de resina colorida e comemos o prato-feito que havia, olhando a grande praça e, ao longe, do lado oposto ao da prefeitura, a rodovia.
Depois dessa parada, pegamos um trecho de estrada de terra, que evitava a rodovia, mas passava somente por áreas degradadas, com muitos terrenos baldios, entulho e mata terciária de ervas daninhas e mamonas.
Foi assim por uns três quilômetros até que voltássemos à BR-262 e, seguindo pelo asfalto, sucederam-se os subúrbios, cada vez mais adensados, até que chegamos ao rio Santa Maria, cuja bifurcação final, à foz, forma a ilha de Vitória. Dali, avistávamos o porto de Vitória, com seus grandes guindastes. O mar estava de um azul profundo, como tinta de caneta, bem combinando com a alegria que sentíamos, por estar chegando ao nosso destino.

Da ponte Florentino Ávidos, fiz fotos do porto e do Sérgio, sorridente, à beira da passarela de pedestres.

Tendo cruzado para Vitória, seguimos direto para o palácio, a fim de fazer nossas fotos ao lado do marco zero da Rota Imperial. E ficamos por ali, por algum tempo, aproveitando o momento.



Depois, conforme havíamos combinado, montamos de novo nas nossas bikes e rumamos para a ponte, a fim de cruzar de volta para o continente e ir à orla de Vila Velha, à procura de um hotel.
Desta feita, seguimos pelo interior dos bairros de Vila Velha, chegando à orla marítima num ponto próximo à ponta de Itapoã, ponto mais ao norte das praias da cidade. Então, seguimos pela ciclovia que acompanha a avenida da beira-mar até à praia de Itaparica, onde está o Hotel Marlin Azul, que escolhemos após muita discussão, para acomodar gostos e bolsos para nossa estada.

Amanhã, seria dia de passeios e praia e somente no dias seguinte pegaríamos nossos ônibus para a volta a São Paulo.
Por ora, conto que meu GPS registrou a jornada final com 67,5km e 795m de elevação acumulada. O resto, conto no próximo e último episódio desta aventura.
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