percurso: Pequiá, Santa Cruz de Irupi, Irupi e Iúna

(em 20/03/2022)

Da pista lateral da rodovia BR-262, entrava-se na Pousada do Café por uma porta larga, com batentes e esquadrias de ferro pintados de branco, que dava acesso ao canto esquerdo de um amplo salão. Ao entrar, via-se logo, à esquerda, a escadaria que leva ao andar superior e, ainda deste mesmo lado, mais para trás, o balcão da recepção, onde uma moça vistosa e simpática havia nos atendido no início da tarde da véspera. Na parede de fundo daquele salão, havia duas ou três portas de finalidade não esclarecida para nós, servindo possivelmente para acesso a salas de serviço da pousada. À frente delas, uma mureta baixa de alvenaria cruzava quase o espaço todo, desde a bancada da recepção até cerca de um metro antes das vidraças na parede direita do salão, de forma a criar uma espécie de corredor, ao qual se tinha acesso pelo espaço restante entre o final da mureta e as vidraças laterais, por onde tinha-se boa visão da entrada do estacionamento, nos fundos da pousada e, mais para trás do terreno, de um trecho sinuoso do rio José Pedro. Do lado de cá desta mureta e encostadas nela, havia duas ou três geladeiras horizontais, que serviam a uma sorveteria, dividindo com a pousada o uso daquele espaço comum. O restante do salão era ocupado por uma miríade de mesinhas brancas e cadeiras de pvc, também destinadas, igualmente, ao café da manhã dos hóspedes da pousada e aos clientes da sorveteria.

Por volta das 8 horas da manhã, Sérgio e eu saímos do quarto para o corredor onde encontravam-se, a espaços regulares, as portas das acomodações para hóspedes. Ao final do corredor, alcançamos um pequeno saguão, vazio de qualquer mobiliário, à exceção de um pequeno sofá de dois lugares, colocado contra a parede oposta à escadaria, contra o qual havíamos encostado as nossas bicicletas, que tínhamos atado, uma à outra, com minha trava de segredo numérico, para assim passarem a noite mais seguras. Este saguão dava acesso a uma escadaria peculiar, estreita e, o que é pior, com degraus demasiado estreitos, que mal acomodavam um pé de tamanho normal, sem que uma parte dele ficasse apontando para fora de sua plataforma. Ao passarmos por ali, olhei para as bicicletas e, em seguida, para aquela escada desajeitada e pensei como seria difícil carregar toda a nossa tralha e, principalmente, as bicicletas, equilibrando-as por aqueles obstáculos travestidos de degraus.

Descemos, de momento sem nenhuma carga, e, ato contínuo, antes de tomarmos lugar numa das mesinhas brancas, para tomar o café, lembrei-me dos remédios que eu não havia trazido do quarto e precisava tomar. Por isso, deixei o Sérgio conversando com a recepcionista e servindo-se do café e subi de volta, equilibrando-me naquela escada esquisita, para pegar meus comprimidos: remédio para baixar a pressão e o anti-alérgico, que eu ainda estava tomando, devido às picadas das abelhas. Cruzei outra vez o saguão do andar superior e entrei no nosso quarto, um dos que davam vista para os fundos da pousada e para o rio José Pedro. Peguei o saquinho zip, onde estavam os medicamentos, escolhi o que precisava e fui até à janela, para olhar como estava o dia. Lá fora, um gatinho caminhava por cima de um monte de areia, em frente a um galpãozinho aberto, em que se via um tonel de aço para armazenamento de leite, e, mais para trás, o José Pedro correndo impassível, sob uma luz matinal suave.

Rio José Pedro visto da janela da Pousada do Café

É claro que fotografei a cena do quintal. Depois desci até o pé da escada, no saguão do térreo, mas, ao invés de ir imediatamente para a mesa onde Sérgio tomava o café, cruzei a porta envidraçada, que estava à minha direita, e saí para rua. Segui contornando o edifício da pousada, para ver melhor o rio, e então fui surpreendido por um intenso murmúrio de pássaros que, muitos deles, voavam entre as árvores, os postes e os fios de luz. De lá, fotografei três andorinhas-do-campo, que descansavam sobre um cabo estendido, desde o alto de um dos postes de iluminação, para o chão, em diagonal, de modo a dar-lhe sustentação. Depois entrei para tomar o café, encontrando o Sérgio, de café já tomado, num papo cerrado com a recepcionista da pousada.

Andorinhas-do-campo (Progne tapera fusca), atrás da Pousada do Cafék

Após o café, subimos ao quarto para pegar nossa tralha, equilibrando-nos pela escada como malabaristas, e deixamos uma pilha de alforges e bolsas de ciclismo espalhada pelo chão do térreo, ao lado do balcão da recepção. Depois voltamos a escalar aqueles degraus malucos, até o saguão superior, a fim de pegar as bicicletas, mas ficamos por algum tempo estudando uma maneira de descê-las com segurança, como se aquilo fosse uma prova de downhill, sinuosa e traiçoeira. Ao final de várias considerações e alternativas, o Sérgio começou a descer sua bike, com alguma dificuldade, terminando por chegar ileso ao saguão de entrada, para depositá-la no chão. Depois, vendo-me na hesitação, sem conseguir resolver-me a descer, subiu mais uma vez e trouxe a minha também para baixo. Que gentileza! – agradeci.

Só depois de tudo isso passar-se é que nos despedimos da simpática recepcionista, que nos atendeu muito bem, e começamos a pensar no caminho que iríamos seguir. Era hoje o primeiro dia de percurso inteiramente dentro do Estado do Espírito Santo, o que, por si só, já nos parecia suficiente efeméride! Nosso trajeto foi planejado para nos levar por mais de 40 quilômetros de estradas, começando por um trecho de cerca de 8 quilômetros da BR-262, pavimentado, e depois pegando as estradas de chão. No final de tudo, o trajeto nos levaria de Pequiá até Iúna, passando por Santa Cruz de Irupi e a cidade de Irupi, propriamente.

Divisa de estados na BR-262, em frente à pousada do Café

Na saída, ao invés de seguirmos na direção do distrito de São José Operário, como estava planejado, fomos pela rua lateral à rodovia para o lado oposto, de forma a poder revisitar o centro urbano de Pequiá, onde eu queria fotografar (e o Sérgio queria rever) os locais por onde havíamos estado na véspera: o Boteco Fino, onde almoçamos, a praça principal e a igreja.

Boteco Fino, Pequiá, ES (550m com nenhuma elevação)

E assim fizemos. Colhemos imagens do Boteco Fino, local de nossa refeição e das conversas com o casal aposentado, como ontem relatei (ver episódio anterior), além de uma bela foto da praça central, onde vê-se a igreja ao fundo.

Praça central e igreja, em Pequiá, ES (550m com nenhuma elevação)

Feito isso, voltamos à rodovia, passamos à frente da pousada e seguimos adiante, agora no sentido correto para ir ao nosso destino. Contornamos o posto da receita estadual capixaba, que estava bem à beira da pista, e continuamos, agora utilizando o acostamento da rodovia. Este trecho todo, a partir da passagem pelo posto estadual, era de subidas, mas dali se aproveitavam bem, em compensação, as paisagens de serra, com muitas matas e afloramentos de rocha escura (basalto talvez?), iluminados pelo claro-escuro de um céu parcialmente nublado, mas dominado pela luz solar dourada do início da manhã.

Marco da Rota Imperial na BR-262 (5,5km com 166m de elevação)

A aparente serra que subíamos, na verdade, eram as escarpas de um grande planalto, cujo platô, que iríamos cruzar por todo o dia, se dividia em dois setores, sendo um mais elevado, com altitudes em torno dos 820 metros, e outro mais baixo, por volta dos 700 metros, separados por um pequeno conjunto de elevações, não muito escarpadas. Essas elevações, além de dividirem o planalto em seus dois patamares, também separam o vilarejo de Santa Cruz de Irupi, banhado pelo ribeirão Santa Cruz, da sua cidade-mãe, Irupi, que repousa no início do patamar mais baixo, às margens do rio Pardinho.

Em decorrência do perfil geográfico que descrevi, o percurso de hoje não apresenta o mesmo grau de elevações que os percursos precedentes, o que não significa, necessariamente, dar um descanso aos ciclistas. No total, deveremos subir 748m, distribuídos em 3 conjuntos de subidas, ao longo de 43,5 quilômetros de trajeto. O que não é demais, mas também não é pouco, para quem vem de vários dias de esforço intenso.

Naquele momento, com quase 8 quilômetros, já nos aproximávamos do topo do primeiro desses conjuntos, a borda do primeiro e mais alto setor do planalto. Assim, faltava por volta de um quilômetro para alcançarmos o início da estrada de chão de Santa Clara, nas proximidades de São José Operário, distrito que cruzaríamos no caminho de Santa Cruz de Irupi. Por ora, podíamos apreciar a vista das montanhas, pelo entorno da rodovia, mas isso só quando as matas, muitas vezes fechadas, permitiam-nos enxergar qualquer coisa para além das laterais da pista.

Vista na subida da serra (7,6km com 288m de elevação)

Chegando ao final da subida, como já era previsto, viramos à direita e seguimos pela Estrada Santa Clara, uma boa estrada de chão pela qual deslizamos por pouco tempo, porque logo chegamos ao vilarejo da Comunidade de São José Operário.

Comunidade de São José Operário (9,6km com 340m de elevação)

Cruzamos rapidamente aquela pequena comunidade e à saída dela, numa bifurcação da estrada, pegamos o ramo mais à esquerda, no rumo que era indicado para o distrito de Santa Clara do Caparaó, conforme constava de uma rústica placa de sinalização.

Sinalização à saída da Comunidade São José Operário (9,7km com 341m de elevação)

Por este trecho de estrada, conseguíamos desenvolver uma boa velocidade, aproveitando as suaves ondulações da mesa do planalto, posto que a longa subida, pelo asfalto da BR-262, já tinha ficado para trás. Assim, alcançamos logo o distrito de Santa Clara do Caparaó, uma pequena localidade com sítios e pequenas fazendas onde, entretanto, não vimos nenhum centro urbano, mas sofremos com o tráfego de veículos, que era considerável e levantava muita poeira da estrada seca, a cada vez que um carro ou caminhonete passava. Em compensação, era um lugar especialmente bonito, com destaque para as fazendas de criação de cavalos e as lindas árvores floridas, principalmente as quaresmeiras, rosadas e roxas, e as fedegosas, que têm uma floração abundante e alegre, colorindo de amarelo as beiradas do estradão.

Poeira do tráfego na estrada de Santa Clara (12,5km com 362m de elevação)

Um pouco adiante, fomos nos aproximando do curso do rio Santa Clara, numa área especialmente encantadora, onde vimos muitos cafezais. Neste trecho, mais uma vez, o Sérgio se adiantou e eu fui ficando para trás, porque parava, a todo momento, para fotografar. Nossa parceria tem esta qualidade: não precisamos ficar preocupados, porque os dois conhecem o caminho, sabem pedalar e confiam no bom-senso do outro para virar-se bem em qualquer estrada, de modo que não há nenhum incômodo se alguém se adianta ou fica um pouco para trás, porque cada um tem seu próprio ritmo e sabe virar-se bem. Então não precisávamos nem combinar um encontro certo e explícito, porque sabíamos que iríamos fatalmente nos reunir outra vez, em algum ponto mais adiante, fosse para um lanche, para almoçar, ou só porque deu vontade de ter companhia.

Cafezal no Distrito de Santa Clara (13km com 370m de elevação)

Pelo meio deste primeiro platô, descrevemos uma longa curva em formato de “U”, que nos fez aproximar e cruzar uma ponte sobre o rio Santa Clara, e depois retornar pela outra margem, até alcançar seu afluente, o ribeirão Santa Cruz, que então passamos a acompanhar. Naquele ponto, havia uma entrada de fazenda, creio que de criação de cavalos, a julgar pela típica cerca de madeira pintada de branco, ao lado da qual viam-se alguns tanques para piscicultura, construídos, parecia provável, para aproveitar as águas do ribeirão.

Entrada de fazenda (16km com 400m de elevação)

Um pouco mais adentro da fazenda, chegamos a uma encruzilhada larga, onde precisamos esperar a passagem de uma picape, que vinha bem rápido, pela outra estrada, para depois podermos passar. Atrás de espatódias floridas, palmeiras e outras árvores, avistávamos uma casa branca, possivelmente a sede da fazenda.

Casa de fazenda (16,1km com 400m de elevação)

Seguimos ainda acompanhando o ribeirão Santa Cruz, por mais alguns quilômetros. Nosso caminho ia serpenteando por entre suaves colinas e ao longo de grandes pastos, que alternavam-se com manchas de mata, bosques de eucaliptos e, aqui ou ali, mais árvores floridas.

Colinas no planalto (17,9km com 418m de elevação)

Era um cenário rural decididamente encantador, em meio ao qual voltei a alcançar, momentaneamente, o Sérgio. Mas, como eu quis parar, outra vez, para fotografá-lo, ele de novo se distanciou.

Detalhe da estrada; Sérgio pedalando (17,9km com 418m de elevação)

Perto da marca de 19 quilômetros, penso que chegamos a outra fazenda, porque encontramos mais uma linda casa colonial, com duas palmeiras imperiais enfeitando a porteira, que estava aberta. Por trás da cerca pintada de branco, vía-se um jardim cuidado, com roseiras floridas e outras plantas ornamentais.

Casa de fazenda (18,9km com 431m de elevação)

Por volta daí, já estávamos nos aproximando de Santa Cruz de Irupi e, portanto, também das colinas que marcam a separação entre os dois patamares daquele grande planalto. Estar chegando por aquela estrada, ainda sem avistar o vilarejo, a partir desta direção, com as grandes colinas arredondadas, depontando por trás, é uma experiência realmente espetacular!

Após descrevermos uma curva suave para a direita, mais à frente, algumas casas da vila de Santa Cruz mostraram-se, mas só parcialmente, escondidas que estavam pelas matas repletas de quaresmeiras em flor. O vilarejo estava encravado aos pés dos primeiros aclives das colinas, cujos picos roliços, parecendo montanhas de desenhos de crianças, completavam um quadro encantador.

Santa Cruz de Irupi (20,1km com 457m de elevação)

Ainda nas proximidades de Santa Cruz, encontramos Seu Aíres, que vinha conduzindo sua clássica “barra-forte” verde e parou para prosear com o Sérgio, que primeiro o encontrou. Ele era o dono das oliveiras do campo que víamos ao lado da estrada. Na conversa, contou que não é nascido aqui em Santa Cruz, mas que mora há muitos anos num sítio perto dali. E gosta!

Sérgio e Seu Aíres (20,2km com 457m de elevação)

Seu Aíres ficou contente quando eu pedi-lhe para posar para uma foto e soube que ela iria constar do meu “diário de viagem”, forma que eu adotei por supor que ele nem saberia o que é um “blog”. Olha aí a animação:

Retrato autorizado do Seu Aíres (20,2km com 457m de elevação)

Em Santa Cruz de Irupi, nada fizemos. Só entramos um pouco, adiante da rua principal, paramos para fotografar, beber água, consultar a hora do dia: faltavam 5 minutos para as 11 horas da manhã. O lanche podia esperar mais um pouco.

Santa Cruz de Irupi, rua principal (20,6km 457m de elevação)

Partimos, então, de Santa Cruz do Irupi, e começamos a percorrer as subidas e descidas dos morros que nos levariam ao segundo setor do planalto, de menor altitude, onde encontraríamos a cidade de Irupi.

Subimos a primeira colina e vimos alternarem-se milharais e cafezais. Na baixada que a separa da segunda subida, vimos uma sequência de pequenas represas, encadeadas ao longo do fundo de várzea de um córrego, cujo nome desconheço, que corre em direção ao Ribeirão São José do Sauí, que logo iríamos encontrar.

Primeira colina do centro do planalto (29,9km com 541m de elevação)

Cruzado o ribeirão, subimos a segunda colina e descemos do outro lado. Depois começamos a subir a terceira. Ao lado da entrada de um pequeno sítio, exibindo seu habitual cafezal, havia um grupo de quaresmeiras em flor, que constrastavam lindamente com as flores amarelas de outra fedegosa, que estava mais atrás.

Sítio com árvores floridas (24,5km com 584m de elevação)

Ultrapassada esta terceira e última colina, começamos a descer em direção ao outro setor do planalto, num local onde confluem diversos cursos d’água: os córregos Esquerdo e São Quirino, além do mais importante da área, o rio Pardinho, do qual os outros são afluentes.

Um pouco antes de chegar ao platô que leva a Irupi, seguindo à margem esquerda do Pardinho, a estrada ganhou pavimentação asfáltica e nos abriu a vista para uma paisagem estonteante. Entre morros esculturais, rochas expostas e grandes cafezais, a mesa do planalto se abria, entre colinas e morros iluminados pelo sol.

Descida no asfalto para Irupi (25,9km com 606m de elevação)

Depois de desfrutar de uma das descidas mais cinematográficas desta viagem, entramos na área urbana de Irupi, só para saber, conforme a sinalização urbana, que esta cidade é a “Princesinha do Caparaó”.

“Princesinha do Caparaó” (28,3km com 607m de elevação)

Dentro da área urbana, fomos descendo e acompanhando o rio Pardinho, cruzamos uma ponte sobre um de seus afluentes, cruzamos outra ponte sobre mais um afluente, e, finalmente, chegamos à praça central de Irupi.

Praça central de Irupi (28,8km com 612m de elevação)

Na praça, fizemos um lanche, mas apenas com algum petisco que trazíamos da Pousada do Café, e logo seguimos adiante. Saindo de Irupi, a paisagem à margem do rio Pardinho continuou bonita, mas já não tão espetacular como tinha sido na descida para este platô, motivo pelo qual optei por aproveitar o asfalto e a ausência de subidas para avançar mais por perto do Sérgio, de modo a não ficar muito para trás. Por isso segui sem fazer paradas, até completar 36 quilômetros trajeto, quando resolvi parar de novo, porque estava muito quente e eu tinha sede.

Era um lugar sem nenhum outro atrativo, senão a oportunidade de beber um pouco de água, mas aproveitei, mesmo assim, a parada e registrei em foto o aspecto da estrada: via asfaltada, sem nenhum acostamento, mas também sem qualquer movimento.

Via asfaltada, sem acostamento (36,2km com 642m de elevação)

Uns 3 quilômetros e pouco após aquele local, o asfalto terminou e a estrada, agora de chão, se afastou do curso do rio Pardinho, enveredando por uma mata nativa bem espessa, com grandes árvores, dos dois lados da estrada. Por volta deste ponto, começamos a subir uma última colina, a que separa o rio Pardo, junto com a cidade de Iúna, daquele extenso planalto, que levamos o dia todo de pedal para cruzar. Nesta subida, que começou suave, mas depois se tornou um tanto íngreme, a mata, de tão fechada, formou um túnel verde e sombreado, que cobriu a estrada de lado a lado.

Sérgio avança pelo túnel de mata (39,8km com 680m de elevação)

Chegando ao topo da colina, vimos a mata dar lugar ao café e a outras culturas, algumas que ainda não tínhamos presenciado por aqui, como um campo de trigo, que ocupava toda a encosta da colina à esquerda da estrada, num ponto que deixava-nos ver outras colinas que, por trás do trigal, estavam pontilhadas de casas, bosques e de novo cafezais, no fundo da cena.

Trigal e cafezais (40,7km com 737m de elevação)

Nesta área, já tão próxima da cidade de Iúna, a zona rural simplesmente ignorava quaisquer urbanismos e levava adiante sua vida rural, impunemente. Sob o sol quente, eu pedalava sozinho, já que o Sérgio tinha se adiantado outra vez, e nada via que pudesse denunciar a proximidade de uma área urbana. De vez em quando, árvores esparsas ofereciam uma sombra muito bem-vinda, pois a temperatura havia subido bastante, com o avançar da tarde, estando agora já por volta dos 36ºC, e subindo.

Sombra na estrada (40,7km com 737m de elevação)

Depois de 40 quilômetros de pedal, faltava somente terminar de vencer a presente elevação para entrar na descida final, em direção ao rio Pardinho e à cidade de Iúna. Eu estava contente de estar chegando. Afinal, após tantas paisagens incríveis, num lindo dia, nada faltava para caracterizar um pedal perfeito: bom clima, boa distância, boa elevação, melhor paisagem.

À minha esquerda, num local onde eu cruzei um campo com bananeiras e cafezais, avistei ao longe, no naco de horizonte que restava, entre duas barreiras de mata alta, montanhas distantes, de alguma serra ao norte e longe de Iúna. Da cidade, ainda nada.

Café e banana, serra ao fundo (40,7km com 737m de elevação

Passamos insistentemente por outros cafezais, antes da chegada ao rio Pardo, alcançado à altura da ponte da rua Benjamin Constant. A ponte e a rua dão acesso à área urbana e à avenida principal da cidade, a Presidente Getúlio Vargas, mas não foi por esta avenida que seguimos. Logo após cruzar o rio, pegamos a travessa mais próxima, que segue paralela ao rio, na direção sul, e seguimos por ela. Após duas ou três quadras, já avistávamos a placa do hotel Catuaí, instalado num edifício de esquina, todo pintado em tons de verde. É um hotel bem convencional, que ocupa os andares superiores do edifício e tem uma entrada no térreo, bem estreita, espremida entre uma agência bancária e uma churrascaria, que preenchem todo o restante do espaço de fachada. Ao chegar, falamos com o funcionário da recepção e, instruídos por ele, formos guardar as bicicletas no estacionamento fechado e coberto da rua lateral, que acessamos por fora do prédio, dobrando a esquina, porque ele não comunicava-se com o pequeno saguão do hotel. Depois voltamos ao front-desk andando pela mesma calçada, e fizemos o check-in. Tínhamos rodado um total de 43,5 quilômetros e cumprido os esperados 748 metros de ganho de elevação, sem desgaste excessivo. Um ótimo dia!

Não me recordo se fizemos algum passeio na cidade, durante a tarde. Considerando que Iúna não é um local de grande interesse histórico e turístico, penso que não devemos ter feito. De qualquer forma, estávamos a menos de 200 quilômetros de Vitória, se considerados os trajetos por rodovias modernas. À noite, sei que saímos para passear e jantar numa pizzaria e, no caminho, fotografei a igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, que estava festivamente iluminada.

Amanhã era dia de subir mais um paredão, a serra do Cantagalo, para atravessar até o rio Norte, e seguir às suas margens até Piaçu. Por isso, nos recolhemos cedo, para descansar bem.

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