(em 16 e 17/03/2022)

Nos episódios anteriores…

Minha aventura foi interrompida em meio ao encantamento da floração do café, na cidade de Santa Margarida, MG, de onde fui obrigado a retornar a São Paulo contra minha vontade e antes de terminar o circuito completo da Rota Imperial. Naquele momento, eu não tinha certeza de nada, nem mesmo sobre se e quando eu teria chance de retornar a Minas para prosseguir naquela aventura. Entretanto, eu não tinha outra alternativa a não ser retirar-me para São Paulo a fim de providenciar o conserto da Faísca (minha bicicleta), que apresentava um barulho bem estranho no movimento central, embora ainda funcionasse.

Eu estava ali abandonando uma prova antes da linha de chegada, mas tinha plena consciência do desafio que já realizara, ainda que ela permanecesse inacabada. Afinal, eu havia partido de Parati, RJ, no dia 13 de setembro de 2.021 e pedalado por entre serras, planícies e montanhas, durante 27 dias, dos quais pedalei em pelo menos 25 deles.

Parati, RJ, vista da serra da Bocaina em 13 de setembro de 2.021

Assim, os números envolvidos foram portentosos. Acumularam-se 1.006 quilômetros de percursos, com 19.513 metros de elevação total, assim distribuídos:

Eu estaria agora deixando a região cafeeira de Santa Margarida durante a estação mais espetacular do ano, no auge da floração do café, e, mesmo antes de partir, já pensava em voltar. Mas… seria possível algum retorno?

Cafezais em Santa Margarida, MG, em 23 de outubro de 2.021

De volta a São Paulo

Desapontado, portanto, foi como cheguei a São Paulo, na manhã do dia 10 de outubro de 2.021. E, por bastante tempo, permaneci assim. Só depois de muitas coisas acontecerem, é que consegui, a despeito das dificuldades e da distância, retomar meu caminho. Foi apenas em março do ano seguinte, depois de mais de 5 meses passados, que o retorno à aventura tornou-se possível!

No intervalo que decorreu entre entre o retorno a São Paulo e a volta à Rota Imperial, o destino me reservava algumas surpresas. Certo de que havia um sério problema no eixo central da minha bicicleta, queria ir à bicicletaria o quanto antes. Porém, como cheguei à capital de São Paulo no domingo anterior ao feriado da padroeira do Brasil, que caiu numa terça-feira, precisei esperar até a quarta-feira para poder levar a Faísca ao mecânico, a quem eu tinha avisado dos problemas que eu havia passado e do barulho no movimento central pelo celular. Assim, já na manhã da quarta, deixei a Faísca lá. E não custou mais do que um dia, para que o Edu, meu mecânico de confiança, me retornasse pelo whatsapp, com uma informação deveras inusitada.

Eu confesso que não conseguia decidir se a notícia que ele me deu era boa ou má. A primeira informação era, sem nenhuma dúvida boa: não havia nenhum problema mecânico no movimento central da Faísca! O barulho estranho que a bicicleta produzia quando os pedivelas giravam era causado apenas por uma pedrinha, que tinha se alojado entre eles e o eixo central, de modo que bastou lavar a bicicleta com água pressurizada para ela se soltasse e, depois disso, o ruído desapareceu.

O lado obscuro, que não era nada agradável nesta notícia, residia exatamente na ausência de um problema real e eu até me peguei, naquele momento, com um sentimento de desapontamento. O que eu sentia era uma enorme frustração, como se eu tivesse sido enganado. E, de certa forma, fui. A questão toda se resumia no fato de que, se todo o defeito da Faísca era apenas uma pedrinha alojada num lugar inconveniente e resolvia-se com uma simples lavada, isso também significava que eu havia interrompido minha viagem à toa, por motivo nenhum!

Pode parecer bobagem, mas me incomodou muito o fracasso da expedição ser causado por um fato suposto, que na verdade não existiu. Significava ignorância minha no campo da mecânica das bicicletas e ignorância é algo que sempre me incomoda. Talvez, no futuro, eu faça um curso de mecânica de bicicletas, pelo menos para evitar problemas deste tipo.

De qualquer forma, a pausa durou até março de 2.022 e serviu para curar as saudades da família e da esposa, que me acompanhou numa outra linda cicloviagem no Rio Grande do Sul, enquanto eu me organizava para completar a Rota Imperial, que eu tinha interrompido de uma forma, ao mesmo tempo, doída e ridícula.

Enfim, no meio tempo, eu e a esposa Bia percorremos a Rota Romântica (em meados do mês de novembro de 2.021), além de fazermos outros passeios mais curtos, próximos a São Paulo, que também foram muito agradáveis. Destaco a Rota Romântica porque ela se sobressaiu. Não só porque é mais longa, mas também porque nos surpreendeu: pela beleza das cidades serranas, pela originalidade das colônias de imigrantes e pelo deslumbramento dos caminhos de chão, pelos quais percorremos os vales da serra gaúcha. Mas, essa rota é outra história, que conto melhor em outra ocasião.

Na Rota Romântica, a caminho de S. Francisco de Paula, RS, em 4 de novembro de 2.021

Foi, como já insinuei, um aprendizado sofrido descobrir que interrompi meu projeto inutilmente e também constatar que, ao lado da minha própria incompetência em mecânica, nosso país é tão pobre e por isso tão atrasado em tecnologia, a ponto de que, tanto em Santa Margarida como em Realeza, não houve um mecânico ou bicicleteiro sequer que conhecesse uma mountain-bike moderna e soubesse o suficiente para diferenciar um rolamento quebrado de uma pedrinha alojada no encaixe do pedivela – Pudera! Os dois mecânicos que consultei foram apresentados por mim, naquela ocasião, às bicicletas de fibra de carbono com suspensão dupla (full-suspension), coisa que nunca tinham presenciado antes de conhecerem a Faísca!

E a aventura continua

Eis que, alguns meses depois… não seria uma pedrinha marota que iria me fazer desistir assim! Minha viagem maravilhosa precisava continuar!

Dessa forma, durante a prolongada estada no aconchego do lar, fui adiantando meus planos de viagem e, conversa aqui, conversa acolá, acabei conquistando um companheiro inesperado, mas muito bem-vindo, para o restante da aventura. Meu amigo e ciclista veterano, Sérgio Affonso, dono de uma das mais antigas empresas de cicloturismo do país – a CAB Eventos Esportivos –, resolveu me acompanhar pela Rota Imperial. Ele decidiu que viajaria comigo, mas não queria perder a parte da rota que eu já tinha percorrido. Por esse motivo, partiu de São Paulo um pouco antes de mim, foi até Ouro Preto de ônibus e dali partiu pedalando até Santa Margarida, onde marcamos encontro para o dia 17 de março, quando o primeiro a chegar deveria procurar hospedagem, já que eu tivera dificuldades para encontrar pouso na cidade, com o fechamento do hotel Pleno, que continuava a não responder pelo telefone que constava no Google Maps.

Assim, partiu o Sérgio sozinho e, dias depois, em 16 de março de 2.022, fui eu quem embarcou, com bike, alforges e tralhas, no Terminal Rodoviário de São Paulo. Após uma viagem longa, com o desconforto das máscaras, ainda obrigatórias devido à persistência da pandemia, o ônibus me deixou em Realeza, às 7:10 horas da manhã do dia seguinte, na plataforma daquela mesma pequena rodoviária, anexa ao posto de gasolina de onde avistava-se o hotel Nobik, do outro lado das rodovias federais, conforme eu agora era relembrado, posto que, até então, minha viagem anterior parecia estar localizada numa outra era, distante no tempo e no espaço.

Hotel Nobik, visto da estação rodoviária (antes do início do pedal)

Após o desembarque, foi hora de preparar a Faísca para a saída ciclística. Minha bicicleta estava de dar gosto. Limpa e lubrificada, equipada com pneus novos e com os alforges recém-lavados instalados, estava uma lindeza de se ver!

No final da montagem e preparação da bike, resolvi subir o selim cerca de 2,5 centímetros, de modo a compensar o peso adicional da bagagem, que somava algo em torno de 9 quilos. No final, fotografei a boa obra.

Faísca pronta para viagem (antes do início do pedal)

Eu ainda precisava tomar o café da manhã e encher o camel-back com água suficiente para a curta viagem até Santa Margarida, de modo que montei, todo equipado, mas aí só atravessei a área das duas rotatórias nas rodovias e logo adiante estacionei a Faísca num local em frente ao restaurante Pequeno Príncipe, num dos cantos por onde começava a área urbana de Realeza. Eu prendi a Faísca num poste de sinalização de estacionamento, usando a trava de segredo numérico que sempre levo comigo nas viagens e depois entrei no restaurante.

Após um bom café da manhã, usei o banheiro – limpo! – e peguei três garrafas de água gelada (só havia das pequenas, de 500 ml) na geladeira que ficava exposta num dos cantos do restaurante, para poder abaster o reservatório do camel-back com água suficiente para o percurso à frente, de cerca de de 28 quilômetros. Fui ao caixa, paguei, saí e, depois de tudo aprontado, às 8:33h do dia 17 de março de 2.022, parti. Finalmente, iria reiniciar a Rota Imperial!

Segui pedalando pela lateral da BR-262, na direção de Belo Horizonte, a fim de pegar, logo adiante, a estrada de acesso para Santo Amaro de Minas e Santa Margarida, que saía à esquerda.

Paisagem da BR-262 (2,4km com 21m de elevação)

Eu não tinha mais motivos para privilegiar o percurso por rodovias, como tive da última vez, em que temia um defeito fatal no movimento central da bicicleta. Na verdade eu detesto pedalar em rodovias, de modo que preferi programar meu trajeto usando, sempre que possível, os caminhos de chão. Assim, segui pelo asfalto apenas no trecho inevitável, em que não encontrei alternativas, até Santo Amaro de Minas, que estava a poucos quilômetros de distância. A partir dalí, desenhei um percurso que só utilizava as estradas de chão, geralmente estradas municipais, muito embora esta opção tornasse o caminho um pouquinho mais longo (cerca de 1 quilômetro a mais) e significativamente mais acidentado, com um acréscimo respeitável no total de elevações: haveria um ganho de elevação de 675 metros, pelas estradas de chão, contra 340 metros, caso eu fosse pelas rodovias.

Chegada a Santo Amaro de Minas (5,4km com 55m de elevação)

Pois assim conheci Santo Amaro de Minas por dentro. É uma pequena cidade interiorana, com casinhas modestas e muitas ruas calçadas de paralelepípedos, que distoa bastante do modernoso aeroporto regional, que fica ao seu lado. No meu trajeto, cruzei a pequena área urbana, passando pelo centro da cidade, onde está a igreja matriz.

Igreja de Santo Amaro de Minas (5,9km com 55m de elevação)

Depois segui na direção sul, subindo uma pequena serra, que seria seguida por duas outras, maiores e mais altas, até a chegada a Santa Margarida.

Do alto da primeira elevação, voltei-me para olhar a paisagem, em que se avistava parte da pacata Santo Amaro de Minas, espalhando-se pelo fundo do vale que eu acabara de deixar.

Santo Amaro de Minas vista do alto da serra (7,9km com 139m de elevação)

Passado o topo daquela elevação, podia-se avistar o perfil da próxima serra, que eu logo precisaria atravessar. Ela era a mais alta de hoje e aguardava minha chegada depois que eu ultrapassasse os 13 quilômetros de percurso.

Cafezal com a serra ao fundo (8,2km com 141m de elevação)

No vale que a antecedia, havia muito pasto, mas também várias áreas de mata nativa, mormente para o alto dos morros. No meio desta pradaria, passei por uma bela fazenda, que tinha a casa da sede pintada de rosa vivo, mas que estava quase oculta por um par de espatódias frondosas, floridas como sempre estão, e por um milharal que estava com a palha ruiva de seca, no ponto de colheita.

Casa rosada dominando a vista do vale (11,6km com 178m de elevação)

Entre as suaves elevações que pontilhavam aquele vale, as paisagens rurais se sucediam, cada uma mais bonita que a anterior. Além disso, o dia estava majestoso, coroado com grandes nuvens brancas espalhadas pelo céu azul.

Alto de morro (12,5km com 201m de elevação)

Já próximo do início da subida da segunda serra, havia uma mata estreita e cerrada, que é sinal de alguma água correndo pelo fundo do vale, com muitas quaresmeiras em flor.

Mata com quaresmeiras (Pleroma granulosum) (13,3km com 203m de elevação)

Logo eu comecei a subir. Por ali a serra começava a elevar-se sem inclinações demasiado íngremes, de modo que eu podia aproveitar bem a bela paisagem das encostas, na maior parte tomadas pelos cafezais. Entretanto, um pouco depois de completar 14 quilômetros de trajeto, cruzei com um trator que vinha descendo a serra, vagaroso e desajeitado. Não se tratava de um trator destes que se usa nas fazendas para puxar arado, como é comum ver-se por aqui. Era uma daquelas grandes máquinas de terraplanagem, que carregam uma lâmina longa e abaulada, instalada em ângulo diagonal, um pouco abaixo do nível da cabine, do tipo que é geralmente utilizado para aplainar a pista de rodagem das estradas de chão. Cumprimentei o condutor, enquanto desviava e parava a bike bem no canto da estrada, de modo a permitir que o enorme veículo passasse. Depois que o motorista respondeu, com um aceno de cabeça, continuei subindo. Logo depois, porém, começou um terrível ataque! Era um enxame de abelhas furiosas, que me envolveu como em uma nuvem. Elas vinham de todas as direções, com as piores intenções, como geralmente acontece quando alguém molesta a colméia. Eu me defendi como pude, agitando os braços, que eram os alvos mais óbvios, por expostos, e pedalei o mais rápido que pude, montanha acima, tentando ultrapassar a área ocupada pelo enxame, mas, neste ínterim, levei uma série de picadas, principalmente nos braços descobertos. Quando o ataque amainou, a pele em torno das ferroadas já começava a inchar. Penso que não levei picadas nas pernas porque havia passado repelente de insetos nelas e também não fui mais atacado no rosto, provavelmente porque estava protegido pela barba longa e pelos óculos, sem contar o restante do corpo, que era protegido pela roupa de ciclismo, grossa e aderente.

Presumi, depois, que o trator teria derrubado acidentalmente a colméia e eu, que fui subindo em direção a ela, paguei o pato. Pois fato é que meus dois braços estavam pagando a conta de um crime que não cometeram e, assim, resignado, parei a bicicleta numa sombra, abri minha mochila e tirei dela uma pequena bolsa de pano. Era minha farmácia de viagem. Abri o zíper que havia no alto dela e procurei por uma pomada anti-alérgica, que destampei e apertei para fazer sair um creme branco, que estava mais amolecido que o normal, devido ao calor do dia. Apliquei o creme sobre os inchaços, sentindo no tato o calor da inflamação, que já avermelhava as protuberâncias intumescidas que se formaram na pele ao redor das ferroadas. Então, falei em voz alta, como para me impedir de esquecer:

—Primeira providência: comprar um anti-alérgico mais potente, na primeira farmácia que encontrar em Santa Margarida!

Depois, guardei o tubo de volta na bolsa e esta dentro da mochila. Fechei o compartimento com zíper e vesti as alças da mochila, tomando cuidado ao passá-las pelos braços doloridos, prendendo as presilhas das alças de cada lado contra seus pares do outro e por sobre a roupa de pedalar. Depois retomei meu caminho morro acima, devagar.

Casinha no cafezal (14,5km com 316m de elevação)

O incidente, por mais que indesejado e dolorido, não foi capaz de arruinar meu bom humor. Felizmente, eu estava muito contente por ter conseguido retomar meu projeto de aventura, tão querido, e, naquele momento, nada poderia abalar-me. Com ajuda da linda paisagem por onde eu passava, excitado por rever os cafezais e cruzar as matas e as serras que enfeitam esta redondeza do Brasil, eu pensava na alegria de chegar a Santa Margarida e encontrar meu amigo Sérgio, para recomeçar, com boa companhia, a desejada Rota Imperial!

Cafezal e serra (14,5km com 327m de elevação)
Frutos verdes do café (14,5km com 327m de elevação)

Por falar aqui em cafezais, devo dizer que, num certo ponto deles, tanto me admirei da riqueza dos solos por onde passava, que resolvi registrar uma imagem desta maravilha. O resultado foi a foto seguinte, onde pode-se ver a cor de fertilidade e a grande espessura do solo arável que caracteriza esta região. Parece comparável à terra roxa do interior de São Paulo, ideal para produzir café de alta qualidade. É uma coisa única, invejável.

A espessura do solo cultivável: riqueza sem fim (14,8km com 376m de elevação)

Já próximo do topo da subida, comecei a avistar o cocoruto arredondado de um dos dois morros gêmeos, que são ícones desta parte da serra, mas que se vêem melhor pelo lado de Santa Margarida. Ele aparecia aqui como um topo arredondado, que ia crescendo à medida em que eu subia e, por ora, sinalizava a proximidade do final desta longa e sofrida subida de serra, com abelhas.

Morro arredondado (14,9km com 390m de elevação)

Ultrapassado o passo da serra, aos 1.052 metros de altitude, comecei a descida da vertente oposta, por onde os dois morros gêmeos passavam a dominar o cenário à minha direita.

Morros gêmeos (15,2km com 419m de elevação)

Para o lado do novo vale, que então descortinava-se, para a esquerda e à frente, a paisagem era toda colorida de verde, dominada pelo tom profundo dos cafezais.

Vista do próximo vale (15,3km com 419m de elevação)

Fui descendo ao longo da encosta e entrei depressa pelo vale do ribeirão São Félix, mas em pouco tempo deixei-o também para trás. Ao chegar a uma encruzilhada em T, de onde avistava-se uma igreja pintada de bege, ao longe, dobrei à esquerda e segui adiante, acompanhando o curso do córrego dos Martins. Ele foi me levando, suavemente, até o início da subida da segunda grande serra do dia, onde eu alcançaria, e ultrapassaria, os 20 quilômetros de percurso.

Igreja sobre colina (19,3km com 453m de elevação)

Assim, subi e, ao chegar ao alto do passo, encontrei uma outra encruzilhada em T, mas que, desta vez, não dobrei. Seguindo em frente, observava os cafezais que estendiam-se até onde eu podia ver, cobrindo todas as encostas com seu tapete verde felpudo.

Cafezais no alto da segunda serra (22,5km com 635m de elevação)

Quando, então, começou mais uma grande descida. Por ela fui serpenteando, entre os cafezais, até encontrar-me ao lado do córrego Cachoeirinha, que segui acompanhando, até chegar à cidade tão aguardada, a pequena Santa Margarida.

Cafezal e pastos (22,8km com 635m de elevação)

Ao entrar na área urbana, não consegui contato com o Sérgio pelo celular e, então, resolvi ir conferir se o hotel Pleno tinha reaberto. Ele parecia ser um pouco melhor que o hotel Santana, onde dormi da outra vez, mas esteve fechado, em outubro passado, conforme relatei em outro episódio. Então segui pela rua principal – rua Paiva – e depois pela Rua Joaquim Vieira, onde, em outubro passado, eu havia visitado uma pequena bicicletaria, que me reportara um problema – na realidade inexistente – no movimento central da Faísca. No caminho, parei numa farmácia e comprei o antialérgico que eu precisava, para combater a reação forte que tinha sido provocada pelas picadas das abelhas. Comprei o medicamento que foi recomendado pelo farmacêutico, em comprimidos, e logo tomei dois, conforme foi-me instruído, bebendo da água do camel-back e torcendo para que fizesse efeito rápido, de forma a aliviar o inchaço dos meus braços.

Nesta oportunidade, ocorreu o contrário do que se passara da última vez: a bicicletaria estava fechada, mas o hotel Pleno funcionava! Logo na entrada, à porta do restaurante que havia no térreo do edifício, encontrei o dono do estabelecimento e, com ele, verifiquei preço e disponibilidade da hospedagem, achando tudo conforme e conveniente, com um preço que parecia correto, de R$50 por pessoa por noite. Visitei, ainda, um dos quartos e constatei que era, de fato, um pouco melhor instalado que os do hotel Santana. Entretanto, quando tentei, por outra vez, contato com o Sérgio pelo celular, desta feita ele atendeu, mas me informou que já havia contratado quarto para nós no Santana, visto que eu informara que o Pleno estava fechado. Paciência. Embora o preço do Santana fosse o mesmo, mas as instalações piores, como já estava tudo contratado e pago, eu teria que suportar o quarto-quartel, mais uma vez. Que se há de fazer?

Voltei, então, ao centro da cidade, passando preguiçosamente em frente à igreja matriz, pela praça que fica ao lado dela. Depois segui pela rua principal, até virar à direita na rua que leva ao acesso asfaltado à BR-262, onde fica o hotel Santana. Encontrei meu amigo Sérgio postado em frente ao bar-restaurante do térreo, conversando animadamente com o simpático proprietário do hotel, que imediatamente me reconheceu e cumprimentou.

Centro de Santa Margarida (28,1km com 675m de elevação)

Sérgio estava animado. Contou do percurso que havia feito nos últimos dias, a partir da saída de Ouro Preto, e mostrou muito entusiasmo pela qualidade especial que esta viagem mostrava ter, tanto do ponto de vista ciclístico, como paisagístico, além da oportunidade única de conhecer um pouco do Brasil que vive distante das praias e é um outro Brasil. Da minha parte, contei sobre o incidente com as abelhas, mostrando os braços inchados, e de como era diferente ver os cafezais, agora sem as flores e com frutos ainda verdes, além de outras quinquilharias e causos da viagem de ônibus, que eu fizera até chegar a Realeza.

Nesta toada, tomamos uma cerveja para comemorar o encontro bem-sucedido, outra pela viagem à frente, e mais uma para completar, de modo que a tarde foi avançando. Depois fizemos um passeio à pé, à procura de um lugar para tomar café. Surpreendentemente, não encontrávamos nenhum. Escritórios de negociação de café em natura, havia muitos, mas era só. Depois de muita procura em vão, encontramos um único estabelecimento, chamado “O meu prazer – cafés especiais” que ostentava, atrás do balcão, uma pequena máquina de café. Tomamos nossos cafezinhos, que estavam deliciosos, e soubemos, pelo rapaz que nos atendeu, que ali também funcionava um escritório de exportação de café. Além disso, ele nos disse que vendiam também café a varejo, via internet, e que entregavam em qualquer local do Brasil. O café, ele nos explicou, era identificado por produtor, de modo que podíamos comprar o café de qualquer das fazendas, especificamente identificadas pelo nome do proprietário. Assim, aceitamos a indicação do café da variedade Catuaí, da fazenda de Adilson de Lima, que ele recomendou, e fizemos a compra para entrega em São Paulo. Eu presenteei a esposa e o Sérgio enviou o café para a Júlia, que é companheira dele no trabalho de ciclismo do CAB.

Depois do passeio, recolhemo-nos ao quarto-quartel para descansar e para poder começar bem, na manhã seguinte, nossa aguardada série de aventuras ciclísticas pela Rota Imperial.

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